ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 10.01.1996.
Aos dez dias do mês de
janeiro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e
trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto
Ferronato, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Dilamar Machado, Edi Morelli,
Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Dib, Luiz Braz,
Luiz Negrinho, Mário Fraga, Reginaldo Pujol, Titulares. Constada a existência
de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sessão de Instalação da Quarta
Comissão Representativa, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n0
s 665, 666, 667/95, 01, 02, 03, 04 e 05/96, do Senhor Prefeito Municipal, 1358,
1359, 1360, 1361, 1810, 1363, 1364, 1365, 1366, 1367, 1368, 1369/96, do Chefe
da Casa Civil do Estado, s/n0 s, do Advogado Alberto André,
da Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero e da Sociedade Humanitária
Padre Cacique, 91/95, da Câmara de Vereadores de Jacutinga, 671/95, da
Associação Riograndense de Imprensa, 01/96, da Associação Comunitária de
Moradores e Amigos “Tenente Ary Tarrago” e Telegrama da Senhora Maria José Magalhães. À MESA foram encaminhados: pelo
Ver. Isaac Ainhorn, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Edi Morelli, 03
Pedidos de Providências, pelo Ver. Milton Zuanazzi, Ofício informando que do
dia trinta de dezembro de mil novecentos e noventa e seis e cinco ao dia vinte
e três de janeiro de mil novecentos e noventa e seis encontra-se – à ausente da
Cidade, em viagem a Portugal e à Espanha; pelo Ver. Mário Fraga, 01 Indicação n0
146/95 (Processo n0 2713/95). A seguir, constatada a
existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e
Votação, foram aprovadas as Indicações n0 s 140 e 142/95. Em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Reginaldo Pujol, comentou os estragos causados à Cidade
pelas últimas chuvas, discorrendo também sobre o aumento do Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU. O Ver. João Dib criticou a utilização de medidas
judiciais pelo Executivo Municipal para sustar o pagamento de abono salarial
aos funcionários deste Legislativo, falando, também, sobre a necessidade de
dragagem do Arroio Dilúvio. O Ver. Guilherme Barbosa teceu considerações sobre
o trasbordamento do Arroio Dilúvio, falando também sobre a poluição causada
pela empresa AVIPAL. O Ver. Edi Morelli reportou-se à necessidade de obras na
Avenida do Trabalhador, falando também sobre a situação ambiental da empresa
AVIPAL. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o recebimento de convite
do Fórum da Região Centro – Sul, para debater sobre o tema “Lançamentos de
resíduos de produção na atmosfera e no meio hídrico (Arroio Cavalhada) pela
Empresa AVIPAL S.A. e a sua solução”, hoje, às vinte horas, no Centro
Comunitário Madepinho. Ainda, registrou que, a Mesa desta Casa terá audiência,
hoje, às onze horas e trinta minutos, com o Senhor Governador do Estado. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Henrique Fontana teceu consideração sobre o Orçamento Participativo e sobre a
situação da empresa AVIPAL. O Ver. Reginaldo Pujol fez comentários sobre o
Orçamento Participativo, criticando a sua manipulação pela Administração
Municipal. O Ver. João Dib criticou o aumento do IPTU, tecendo consideração
sobre a relação da Administração Municipal com o Orçamento Participativo. O
Ver. Edi Morelli comentou Projeto de Lei de sua autoria que trata da
sinalização de áreas de risco em vias públicas, falando, também, sobre os
encaminhamentos dados pela Bancada governista à questão da empresa AVIPAL. Em
COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Isaac Ainhorn teceu consideração sobre a necessidade de regulamentação das
competências e atividades do Orçamento Participativo, dizendo que esta Casa é o
espaço adequado para esta discussão. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Clovis Ilgenfritz,
reportando-se ao pronunciamento do Ver Isaac Ainhorn, comentou a necessidade de
conjugação de elementos de democracia direta e de democracia representativa em
nossa Cidade. O Ver. Artur Zanella, reportou-se ao caso empresa AVIPAL,
falando, também, sobre a situação dos Hospitais Belém e Ipiranga. Ver. Henrique
Fontana reportou-se à necessidade de discussão sobre relacionamento entre esta
Casa e o Orçamento Participativo, falando, ainda, sobre a situação do Hospital
Belém. Às onze horas e quarenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Edi Morelli, Mário Fraga e Clovis
Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Geraldo de Matos Filho e Reginaldo
Pujol. Do que eu, Geraldo de Matos Filho, 10 Secretário,
determinei e lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Havendo quórum, passamos à
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Como diria o escritor
Machado de Assis: “Mudei eu, ou mudou o Natal”. Num soneto célebre de sua
lavra.
Nós registramos
o recebimento, não constou no expediente, nós gostaríamos de distribuir aos
Srs. Vereadores um convite dirigido a todos os Vereadores do “Fórum da Região
Centro–Sul”, que pelos seus representantes, titulares e suplentes, delegados,
comunidade, vem convidar as entidades para debater hoje, o tema “Lançamento de
resíduos de produção na Atmosfera e no Meio Hídrico, Arroio Cavalhada”, pela
empresa AVIPAL e sua poluição. A assembléia realizar-se – á no dia 10 de
janeiro, no Centro Comunitário do Parque Madepinho, na rua Arroio Grande, n0
50. Entidades convidadas: AVIPAL, SMAM, Fundação Estadual de Proteção ao Meio
Ambiente – FEPAM, Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de
Porto Alegre, Associações comunitárias e comunidade em geral. Nós solicitamos
agora à Diretoria Legislativa que faça a entrega aos Vereadores presentes e que
distribua nos demais gabinetes este convite, dando ciência a todos os
Vereadores, convidando-os para esse evento e, a seu critério, a comparecer
nesse encontro. Registramos que fizemos isso dessa maneira porque nos chegou às
mãos hoje pela manhã.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Acho que temos problemas, sim, nos morros da Cidade. Acho também
que o Arroio Dilúvio poderia estar mais dragado, mas é inegável que os
acontecimentos trazidos pelas chuvas na nossa Cidade têm sido menores do que
poderiam ser e do que aconteceu em outras cidades. É inegável, isso é o
resultado de um trabalho que vem sendo feito há sete anos, de investimento em
drenagem urbana – como nunca se fez - , em Porto Alegre.
Com certeza,
hoje, temos menos pontos problemáticos de drenagem urbana do que já se teve.
Agora, temos muito ainda a fazer, e jamais se pode afirmar que a Cidade não
terá enchentes. Isso não existe! Até por que há uma técnica de dimensionamento,
muito semelhante a feita na CEEE, quando são dimensionadas as torres de
transmissão de energia elétrica. Saberíamos dimensionar para jamais cair uma
torre, porque isso seria antieconômico. Da mesma forma são feitas as tubulações
na Cidade. O que se quer é que, em chuvas, absolutamente extraordinárias, o
alagamento desapareça em 20 ou 30 min, quando a chuva pára. Isso é o que se
quer. Não há dinheiro, nem recursos suficientes para não alagar jamais a
Cidade.
Sobre a questão
da AVIPAL, assunto antigo na Cidade, com certa semelhança com a Riocel, tinha
amenizado o problema do mau cheiro da região sul, até como trabalho executado pela SMAM, acontece que no segundo
semestre do ano de 1995 recrudesceu a exalação de um odor fétido, nauseante em
toda aquela região pela AVIPAL. O que de fato aconteceu foi que, de forma
irregular, sem autorização da FEPAM, a empresa ampliou o seu abate de 35 mil
aves por dia para 100 mil aves por dia, portanto quase o triplo de antes, sem
se preparar internamente com estações de tratamento e qualificação de pessoal.
O resultado disso é que, dependendo do vento, sempre uma ou duas comunidades da
região sul são atingidas por esse odor durante o dia. Como se isso não
bastasse, no final do ano, a AVIPAL da Cavalhada jogou uma grande quantidade de
gordura sem tratamento no Arroio Cavalhada que evidentemente chega ao Guaíba,
um pouco adiante o DMAE capta água para tratar na ETA da Tristeza. Isso fez com
que aquela grande quantidade de gordura presente na água, obrigasse o DMAE a
lavar muito mais os filtros, reduzindo a produção de água para conseguir
garantir a qualidade da mesma para ser distribuída à população.
O que já
causava poluição aérea, começou a causar poluição hídrica, prejudicar o DMAE e
de novo prejudicando a comunidade por ter menos água a ser oferecida pelo DMAE.
Tem havido uma pressão muito forte da SMAM, em três semanas multou quatro vezes
a AVIPAL, e o Ministério Público através da Dra. Silvia Capelli, mais a FEPAM,
propuseram ação civil que inicialmente recebeu sinal positivo com liminar do
Juiz Irineu Mariani, obrigando a AVIPAL rebateu, foi à Justiça e conseguiu
derrubar a liminar através de Mandado de Segurança. A comunidade se mobilizou.
Este Vereador, além de fazer parte da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da
Câmara é também morador da Região Sul e está junto com a comunidade nessa
mobilização. A comunidade está chamando para a reunião de hoje e já levou
convites às direções da AVIPAL, SMAM e FEPAM. Fiz contato com o DMAE, através
da Dra. Silvia Capelli e hoje haverá uma grande reunião. A comunidade, através
dos representantes do Orçamento Participativo é que vêm à Câmara e está levando
todos esses convites. Este Vereador está na mobilização, mas é uma iniciativa
principal dos moradores da Região que já não aquentam mais esta situação. Não é
uma mobilização contra a Empresa AVIPAL, mas contra a poluição que ela produz.
Queremos que a AVIPAL abata cem mil ou duzentas mil aves por dia, por que isso
traz mais empregos e impostos para a Cidade e para o Estado, portanto isso é
positivo, mas não pode ser feito a custa da saúde, do bem – estar e da proteção
do meio ambiente. As coisas podem ser compatibilizadas, havendo técnica
suficiente para isso. A busca do lucro a qualquer custo não pode fazer com que
a Região Sul da Cidade vire uma cloaca. Os órgãos públicos estão agindo bem. A
comunidade quer então apoiar essas iniciativas e pressionar a AVIPAL para que
solucione os problemas de poluição. Portanto, não se trata de uma mobilização
contra a AVIPAL, mas contra a sua poluição.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exa. disse que a SMAM já aplicou multas com relação à AVIPAL por
causa de seu funcionamento irregular. V. Exa. tem conhecimento do valor dessas
multas?
O Sr. Dilamar Machado: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Parece-me que é de trinta e dois reais.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Talvez o valor seja baixo e
por isso ela não tenha resolvido o problema definitivamente. É importante dizer
que quando apareceu essa gordura na ETA da Tristeza, operada pelo DMAE, o
Departamento e a SMAM começaram a percorrer o arroio para procurar onde estava
a origem desse problema. Evidentemente que foram subindo o arroio e chegaram na
AVIPAL. Mediram o efluente da estação de tratamento deles e estava muito bom.
Seguiram adiante e não tinha mais lugar. Resolveram então fazer uma vistoria
interna nas canalizações e nessa
varredura acharam uma caixa onde normalmente se encontram canalizações e,
registros e pediram para abrir. Ali é que estava o segredo, aquela gordura
estava passando por fora da estação de tratamento por um desvio que lavava
direto ao arroio sem o tratamento devido.
A população, as
autoridades, nós, Vereadores que representamos a cidade na sua variedade de
representações, não podemos aceitar um comportamento como esse. Sabemos que
cresceu muito o consumo de frango no país, cresceram as exportações e isso é
que deve ter incentivado a empresa a quase triplicar o seu abate, mas não pode
ser a custa da saúde das pessoas, e volto a dizer, de forma ilegal porque a
FEPAM não deu autorização para essa ampliação.
O Sr. Mário Fraga: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu sei que a sua iniciativa é louvável e a comunidade, toda, está
sabendo, nós da comunidade e eu faço parte, tenho uma área de atuação ali nos
arredores da AVIPAL, tenho muitos amigos como funcionários da AVIPAL,
eleitores, como o Ver. Dilamar Machado, mas eu gostaria de saber de V. Exa. por
que o Orçamento Participativo convocar essa reunião, porque não terá nada da
Prefeitura. Pelo que sei, e eu sou um dos que acompanham. V. Exa. sabe, para a
Prefeitura executar alguma obra, jamais vai acontecer isso dentro da AVIPAL e
por que V. Exa. não entrou em contato com a CLIES da zona para chamar essa
reunião. É claro e notório, Vereador, que V. Exa. está coordenando esse
processo.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Ver. Edi Morelli está com
a palavra.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Eu havia solicitado ao Ver.
Mário Fraga que me concedesse a palavra em tempo de Liderança.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado, inscrito,. Ausente.
O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra em Comunicações.